terça-feira, 24 de maio de 2011

As outonais

A roda gigante da minha vida deu uma virada. Estou de cabeça pra baixo. Sei que não é pra deprimir e sim para ver o mundo com outros olhos, abortando certas convicções. Estou com vontade de falar de mim, mas a preguiça também me consome.Como nasci no outono, leiam abaixo e entendam um pouco mais de mim.




As Outonais

"As mulheres de verão vêm e vão. As outonais, não. As primaveris gostam de frege. As outonais, de tons de bege. As invernais são informais. As outonais - embora, vez que outra, deixem você hibernar sob o seu pulôver fazendo barulhos de urso e às vezes até topem fazer coisas com chocolate na cama - são mais formais.
Cuidado com as mulheres de meia-estação. São mulheres de meia-calça e meia paixão.
A melhor definição conhecida para uma mulher outonal é: torneira moderna. Daquelas lisas, em que nada indica a temperatura da água. Nem "F", nem "Q", nem "H" (de hot), nem "C" (de cold), nem pontinho vermelho ou azul. Ela pode vir pelando quando você quer fria e fria quando você quer pelando, sabe como é? Você sabe como é.
As outonais tem um jeito de fazer você se sentir o primeiro dos homens. Um pré-macaco, um organismo primário.
O outono não é uma estação feminina, apesar de elas ficarem tão bem de botas. Por isso elas estão sempre na defensiva, se sentem intrusas num mundo marrom e masculino. Sua defesa é o desprezo e a moda. Desprezam você e se vestem para outras mulheres.
A elegância das outonais é o seu uniforme de campanha. É com ele que elas ocupam a nossa estação, e nos arrasam.
Só se aproxime delas se for chamado.
E com muito, mas muito, cuidado."



Luiz Fernando Veríssimo

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